O Sol nascente e alaranjado sobe
lentamente, encadeando, com luz e um ligeiro calor, a longa pradaria de trigo.
A pradaria estende-se e o vento fresco matinal sopra sobre ela, ondulando o
infindável mar de trigo e produzindo o característico silvo.
Uma oliveira corta a paisagem,
destacando-se da ondulante massa de trigo. A oliveira cresce numa pequena
colina, retorcendo-se como se alguém tivesse pegado no caule e o torcesse como
se estivesse a tentar secar um pano molhado. Nela, crescem folhas e flores luxuriantes,
e abriga o mais variado leque de pássaros, tais como andorinhas e melros,
constantemente a voar entre a oliveira e o campo luxuriante à sua frente,
cumprindo os exigentes e constantes pedidos de atenção dos filhotes.
A pradaria não se limita a um dourado espaço
de trigo, mas, por todo o lado, há pontos de todas as cores, salpicando o campo
dourado de cor. São flores, milhares delas, que perfumam a vasta pradaria com
adocicados cheiros, que atraem animais e insetos. A pradaria, apesar de
silenciosa, está repleta de sons, sons de liberdade, sons de alegria, mas entre
todos estes destaca-se um: solidão. O som insuportável e característico da solidão; o silêncio... silêncio absoluto e completo.
Agora, toda a pradaria é
apenas uma fantasia do que era. O Sol brilhante foi asfixiado
pelas nuvens pesadas e pretas que pairam pela atmosfera.O mar interminável de
trigo assemelha-se mais a um leito de rio seco, com solo minado, remexido e
tóxico, mortal para qualquer planta que se atreva a embrenhar-se no solo. As
crias de pássaros já não avivam o local com os seus contentes chilreios e o
movimento dos seus pais em busca de alimento já não preenche os céus. As flores
desapareceram com o trigo e o perfume adocicado foi substituído por um acre
cheiro a enxofre e pólvora. Contudo, entre a devastação da outrora grande
pradaria, a oliveira sobrevive, solitária. Enquanto todos os outros caíram, ela
manteve-se imponente, na sua pequena colina, esperando pela salvação, por um
milagre. Talvez ele chegue, na base da oliveira e, entre as raízes desta, um
pequeno rebento verde floresça... o legado da pradaria.
António Canteiro, 8ºE
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